In portoghese

O estalar dos sois
brancos
de neve cheia de dor
chovendo
caíndo
sobre as cabeças nuas
dos que morreram sem esquecerem
as unhas verde-frio
os olhos verde-frio
rasgando
as entranhas,
remexendo
as brasas interiores
que queimam,
queimam duma maneira infernal,
com o mesmo gelo dos planetas esgotados,
como a voz coral
da água
da pedra
do vento,
as três bestas que devoram o meu coração,
cujos signos incompreensíveis
são escritos pelas mãos incandescentes
do Caos.
Eis:
dos rochedos perto do Abismo
nasce
a Ave-de-olhos-verdes
— o anjo não conhecido —
e canta
canta
uma canção antiga,
uma canção com palavras de água
de pedra
de vento,
e tem asas frias, cinzentas,
de ouro parido pela escuridão.
« Ouro da Noite »
o seu nome
quando voa sobre as cabeças vazias
dos mortos com saudade,
quando abençoa as areias verdes
como os seus olhos:
as praias definitivas
onde se derramam
— lágrimas dolorosas —
as conchas de aço do Apocalipse.


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